Uma das mais fascinantes características dos romances históricos é a de nos conduzir por uma viagem no tempo, recriando os costumes, relações e situações de outras épocas. Juntando os elementos de uma pesquisa minuciosa aos relatos de família, e temperando esses ingredientes com a imaginação de uma ficcionista de primeira linha, Marta Velloso apresenta a história de Antônio, herdeiro de uma fazenda de café, e de sua neta Dorcelina, filha de Dolores, nascida de uma relação que ele teve na juventude com uma escrava e cuja existência Antônio desconhece. Criada num convento, Dorcelina aprende francês e cresce numa sociedade que cada vez mais questiona a escravidão. A trajetória de Dorcelina para se tornar uma mulher independente e útil à sociedade da época é o principal fio condutor do romance, e também o que torna sua leitura tão interessante e atual, ao atravessar décadas de uma história ainda recente, desde a Abolição em 1888 até os anos 1920.