Esta obra propõe um diálogo consistente entre a psicologia e a obra arendtiana, ainda que atualmente essa abordagem se encontre numa fase incipiente do seu desenvolvimento. Nesse propósito, parte-se da prática psicológica compreendida como o encontro e constituída em coautoria por meio da narrativa. Esse viés explorado pela autora encontra um campo fértil para o diálogo proposto quando da revisão dos conceitos arendtianos como o pensamento, a vontade e a ação. Diante desse cenário, verifica-se a construção do diálogo apresentado neste livro como fruto de reflexões advindas, de modo ainda tímido, da dissertação de mestrado da autora, e que toma uma consistência teórica robusta e encontra a riqueza fenomenológica necessária em sua pesquisa de doutoramento; o amadurecimento dessa concatenação permanece até os dias atuais. Considero que o entrelaçamento do pensamento arendtiano com a experiência da prática psicológica resulta numa perspectiva permeada por questões fenomenológicas naturalmente reservada ao público interessado na atividade humana, em especial a política, trazida exemplarmente nesta obra para a psicologia. Sobretudo, recomendo a leitura atenta desta obra por ela fomentar a presença de uma autora que muito tem colaborado para o enriquecimento do debate entre a psicologia e áreas como a educação, a epistemologia, o direito, dentre outras. Além disso, este livro aborda o plantão psicológico também fundamentado pelas reflexões de Hannah Arendt trazendo elucidações e perspectivas de diversos fenômenos humanos. Apesar da autora, em alguns momentos, lembrar ao leitor que essas são reflexões iniciais sobre o tema abordado, a obra cumpre seu papel de instigar para a reflexão da presença de Hannah Arendt também na psicologia.