O que acontece quando um movimento de vanguarda, de teor cosmopolita e que tende a fazer tabula rasa do passado, se depara com a matéria local, profundamente enraizada na história? Esta a pergunta que Ivan Marques, professor de Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo, procura responder em Cenas de um modernismo de província. Ao estudar a obra dos quatro autores mais representativos da literatura modernista produzida em Minas Gerais nas décadas de 1920 e 1930, o autor descobre - no gauchismo de Carlos Drummond de Andrade, na ingenuidade elaborada dos poemas de Emílio Moura, na deriva contínua dos contos de João Alphonsus e no lirismo fantasioso dos personagens de Cyro dos Anjos - os traços de uma cultura cindida entre atraso e modernidade, própria de uma cidade jovem como Belo Horizonte, erguida sobre uma economia marcadamente rural. Com escrita enxuta e olhar agudo tanto para as particularidades dos procedimentos literários como para as questões socioculturais que as atravessam, Ivan Marques escreveu um livro notável, que amplia a visão do contexto cultural mineiro ao mesmo tempo em que ilumina o quadro mais abrangente do modernismo em nosso país.Neste estudo sobre a obra dos quatro autores mais representativos da literatura modernista produzida em Minas Gerais nos anos 1920 e 30, Ivan Marques desvela - no gauchismo de Carlos Drummond de Andrade, na ingenuidade elaborada dos poemas de Emilio Moura, na deriva continua dos contos de Joao Alphonsus e no lirismo fantasioso dos personagens de Cyro dos Anjos - os tracos de uma cultura propria, construida entre atraso e modernidade.