André Frossard, filho do primeiro secretário-geral do Partido Comunista francês, foi um jornalista e escritor merecidamente conhecido pelo estilo culto e leve, irônico mas de uma ironia amável e profundo. Criado num perfeito ateísmo, ainda mais do que cético e ainda mais que ateu, indiferente e ocupado em coisas muito diversas de um Deus que já nem me passava pela cabeça negar, entrou aos vinte anos numa pequena capela de Paris e saiu de lá, cinco minutos mais tarde, católico, apostólico, romano, levado e sustentado pela vaga de uma inesgotável alegria. Neste livro, Frossard analisa a sua inesperada conversão e os dez primeiros anos que a ela se seguiram, não de acordo com a cronologia exterior, mas segundo a ressonância interior dos acontecimentos. Estas páginas são cativantes por testemunharem uma encruzilhada da História repleta de interesse as vésperas da Segunda Guerra mundial e o seu desencadeamento, e os inícios da grande crise que a Igreja atravessaria depois do Concílio Vaticano II ; por transbordarem de personagens curiosos e amáveis; e, sobretudo, pela riqueza das suas reflexões sobre temas de vida espiritual: a relação com Deus, a fé, a leitura da Sagrada Escritura, as hesitações perante o caminho a que Deus chama, a misericórdia divina e a graça, a liberdade nome de guerra da caridade, o sofrimento e o amor. É toda a vida cristã que desfila sob os nossos olhos nesta autobiografia íntima, em que podemos tocar ao mesmo tempo um ardente amor pela Verdade e uma humildade autêntica.