No livro Psicanálise, criatividade e depressão: um estudo sobre as subjetividades na cultura neoliberal, Pedro Cattapan propõe que pensemos o neoliberalismo não a partir de suas teses e práticas econômicas, mas sim a partir de um estudo do tipo de subjetividades que se constituem dentro da lógica cultural do capitalismo flexível e da concepção do indivíduo como empresário de si mesmo. O autor sublinha como essa lógica ressignifica os termos criatividade e depressão ao formar um binômio que baliza as organizações subjetivas contemporâneas: a saída da depressão se faz com criatividade... e a perda da criatividade gera depressão. Tal binômio passa a servir de critério de valor social na ordem neoliberal. A depressão é o grande mal. A criatividade significada como flexibilidade diante da realidade passa a ser buscada como proteção contra a primeira, representando, assim, a virtude do empresário de si. A psicanálise, nessa situação, revelar-se-ia como um potente espaço de [...]