A ocupação de ser-poeta, do fazer da poesia a prática da queda de si mesmo em si, expande o percurso a que se vai ao Outro. O livro ‘Íntimo Exílio’, de Natália Luna, é o convite a essa queda, ao perscrutar a memória, ao traçar um trajeto no país que se cria como ser vivente e que é demarcado pelas zonas fronteiriças das relações travadas no devir de ser e de suas composições e limitações advindas do contato com o externo. A queda de si em si, ou o íntimo exílio no país-de-si-mesmo que o livro retrata, mostra-se como exercício radical e filosófico da autopercepção e, como fim último, libertação das antigas imagens que se inscrevem no corpo em palavras engaioladas: desancoramento do que já foi e já não cabe, abertura para o vir-a-ser. Entra-se num mergulho meditativo de adentrar ao lá dentro, às profundezas para além das pedras, ao concreto da mata amazônica, da selva íntima aos desertos do real. [...]