Se Eurípides, que viveu no século V a.C., encena sua tragédia num espaço marcadamente ateniense, no horizonte da sofística e do conceito de glória viril, Eros assume, entretanto, a regência desse teatro das paixões, desde Sêneca — filósofo contemporâneo de Nero — até Jean Racine, poeta da corte de Luís XIV, deslocando a figura da grande amorosa para o centro do palco, num jogo de textos que se interpelam, se negam e se espelham uns aos outros; e isso infinitamente, caso o espectador queira mover, com sapiência e cuidado, o calidoscópio dos discursos, metáforas e silêncios do grego, do latim, e do francês