Esta nova coletânea de Cyro de Mattos, poeta brasileiro da Bahia e do mundo, conquistou o Troféu de Prata San Marco na 10a Edição do Prêmio Literário Internacional Maestrale Marengo d’Oro, em Gênova, Itália, em setembro de 2006. Organizada pela poetisa, crítica e tradutora italiana Mirella Abriani, também responsável pela versão em italiano, tem apresentação da professora Maria Irene Ramalho, da Universidade de Coimbra. A obra reúne 25 poemas retirados de vários volumes do autor: Vinte poemas do rio, Cancioneiro do cacau, Os enganos cativantes, O menino camelô, Rumores de relva e de remo, com alguns outros inéditos. A escolha recai na líquida suavidade de uma poética de aquosa transparência, fluidamente vertida do português para o italiano. Na poesia de Cyro de Mattos, a água, que é fundamento da vida é, em sua heraclítea correnteza, a saudade da origem que a poesia não tem. Por isso é tão pungente esse rio morto no poema de mesmo título, um rio que chora água de saudades pelo passar e desgastar do tempo. É, pois, ilusória a inocência que transparece nestes poemas, que apenas convencionalmente poderíamos chamar da natureza. Em Poemas escolhidos, Mattos recria a toada popular das baladas ou cantares jogralescos, que fundem música, palavra e imagem. O que existe é a utopia da líquida música dos sentidos de sua poesia. Quando Cyro de Mattos participou em Coimbra do II Encontro Internacional de Poetas, lendo os seus poemas na bucólica e romântica Lapa dos Esteios, a claridade límpida do seu lirismo impressionou quantos o ouviram. De novo ouço essa voz-de-água nestes Poemas escolhidos, e o rio que os atravessa, o Cachoeira que banha Itabuna, aliás, coincidente, com o próprio poema que tem por título o nome da cidade brasileira do cacau, bem podia ser o Mondego que atravessa Coimbra.