Cada um dos 24 contos de A máquina de ser, o décimo-quarto livro de João Gilberto Noll, é um convite à observação da solidão. Para isso, o autor concentra suas narrativas no campo onde o ser humano está condenado a ser sempre só: o do pensamento, insondável e impenetrável. Em meio aos gestos automáticos e banais do dia-a-dia, seus personagens tentam se encontrar na vastidão de suas mentes, onde não há ninguém para ajudá-los a erguer as fronteiras entre o que é vivido de fato e o que é imaginado, sonhado ou fantasiado. A disposição temática dos contos reunidos em A máquina de ser contempla uma diversidade de narradores e atmosferas cujo encadeamento confirma e, ao mesmo tempo, renova a habilidade que o autor tem de surpreender - e desestabilizar - seu leitor, na medida em que revela novas, profundas e inesgotáveis possibilidades de ser. Em A máquina de ser, João Gilberto Noll mostra que a verdadeira literatura desequilibra os leitores.