Edla van Steen ocupa um lugar singular no panorama do conto brasileiro contemporâneo. Ao contrário de muitos escritores que se esgotam no primeiro livro, a escritora catarinense se caracteriza por um constante sentido de renovação e amadurecimento, não apenas da técnica literária, mas também da visão do mundo, como atestam os seis volumes de contos publicados. Cio, lançado em 1965, muito elogiado pela crítica, ainda não revelava a força que iria brotar em Antes do Amanhecer (1977), livro de impregnação obsessiva de temas ligados ao sexo e à morte. Oito anos depois, sai Até Sempre (1985), povoado por personagens enigmáticas, vivendo situações insólitas, naquela zona fronteiriça entre razão e delírio. Após um silêncio de onze anos, Edla volta ao gênero com Cheiro de Amor (1996), no qual se mantém fiel ao seu universo, mas evolui para narrativas mais longas, com um maior número de personagens.No Silêncio das Nuvens (2001) e A Ira das Águas (2004) revelam o pleno amadurecimento literário, mas também acentuam o desencanto com o mundo, a decepção com a sociedade e as limitações impostas à mulher. Aliás, se a autora está sempre atenta aos personagens masculinos, o seu interesse maior se dirige ao coração feminino, espécie de terra mágica e de pesadelos, pela qual passeia com curiosidade e inquietação. Melhores Contos Edla van Steen reúne 23 trabalhos, dos melhores da literatura brasileira contemporânea, que lançam o leitor num universo instigante e intrigante de uma autora que, como observa Antonio Carlos Secchin, "procura o nervo da vida, pois, como afirma certo personagem, move-lhe o desejo não de pintar a paisagem, mas de estar dentro dela no mesmo passo arrastando-nos a nós todos, seus leitores".