É noite, faz frio quando Antônio Messias desce do ônibus na fronteira do Brasil com o Uruguai. Na frente da inóspita rodoviária, toma um táxi para Castillo Blanco, cidade uruguaia, no outro lado do rio. Depois de atravessar a ponte que liga os dois países, passando pelos policiais da alfândega, chega a um bairro deserto. Confere o endereço, observa a paisagem sombria e por um momento hesita. Logo aparece Inácio Aramendía, seu amigo de faculdade e companheiro de militância dos longínquos anos 70, que o recebe com a senha: Eu-odeio-rock-in-rio! Se Antônio chega fugindo de algo que ele não deixa claro, Aramendía não disfarça sua ligação com o crime da região, liderado por seu amigo Torté Navaja. Começa, então, uma jornada de doze horas noite adentro regada a álcool, a parrillada, a histórias de crimes e amores. Preso ao redemoinho de fatos que se sucedem num ritmo veloz e descontrolado, Antônio descobre com surpresa que Valentina Torquato, namorada de faculdade, havia sido casada com Aremendía. Descobre, também, em Clemenza Ruiz, mulher de Torté Navaja, uma figura cujas definições se perdem entre a neblina da noite e a áurea de sonho ou delírio. Noite adentro junta-se a Em linha reta (semifinalista do Prêmio Oceanos 2015), e A superfície da sombra (adaptado para o cinema em 2017), ambos publicados pela Grua e que têm em comum o tema fronteiras e sombras.