Em meados do século xix, o processo da senhora Lafarge captou a atenção da opinião pública francesa e mesmo fora do país, como na distante Argel, onde circularam gravuras e cópias da jovem acusada de envenenar o marido. Tal foi o impacto causado que o próprio Alexandre Dumas, autor de clássicos como Os três mosqueteiros e O conde de Monte Cristo, resolveu escrever uma série de folhetins comentando o caso, mas sem se decidir por um veredicto: culpada ou inocente? Alexandre Dumas (1802-1870), conhecido por ter sido o pai de personagens como D’Artagnan, Monte Cristo ou Balsamo, foi também um escritor que esteve na vanguarda do jornalismo ao detectar a intensa procura por periódicos e o aumento de leitura dos jornais, a partir sobretudo da década de 1830. Escrito numa sucessão de 35 folhetins, divididos em 25 capítulos, Senhora Lafarge vem nessa seqüência em que a pena do escritor reconstrói toda a trama da história que fez a França se dividir entre lafargistas e antilafargistas, sem uma resposta capaz de esclarecer todo o mistério.