O ser humano, criatura-peregrina em sua essência, sempre esteve em busca de respostas às exigências do sagrado que leva na alma e percebe fora de si. As peregrinações, com o deslocamento de multidões ou de pessoas sozinhas, sempre tiveram um objetivo comum: a transformação interior a partir de um movimento externo simbólico e significativo. A vida é um caminho, o que pressupõe um esforço, uma disciplina, sacrifícios e privações, mas sobretudo o percurso em direção a uma meta segura, concreta. Buscar sinais sensíveis do sagrado, sem dúvida, é a prova de que o ser humano necessita dar um significado à sua existência e avistar, ainda que tenuamente, o porto aonde chegará ao final. Resignificando, durante a peregrinação, os caminhos, a natureza, os pequenos encontros, as culturas locais e a própria fé, o peregrino passa por um processo que é uma verdadeira catarse, podendo redimensionar seus valores e sua vida. Esse é o movimento que acompanhamos através da narrativa da autora, peregrina do Caminho de Santiago e na Índia. Este livro nos inspira a ouvir e seguir um chamado interno em busca do sagrado, do real significado da vida.