Em abril de 2008, os cinco integrantes do projeto Expedição Francisco, contemplado com recursos pelo programa Conexão Artes Visuais da Funarte, percorreram o Rio São Francisco de Januária (MG) até sua foz, em Piaçabuçu (AL), realizando performances artísticas que propunham, cada uma, sua relação específica com o rio, bem como uma tentativa particular de entender questões que se colocam para a arte contemporânea no momento em que ela se dirige a espaços distantes do circuito artístico de cidades como São Paulo. Direcionando para a pesquisa, o projeto Expedição Francisco se propunha a compreender a maneira pela qual nosso trabalho de arte contemporânea se transformaria pelo contato com o Rio São Francisco em momento chave, marcado pelo início das obras de transposição das suas águas. Optamos por não dissolver artificialmente as muitas controvérsias que envolvem os temas de que tratamos, deixando que um texto conteste e contradiga o outro. Cientes de que nossa contribuição ao debate da transposição não terá o mesmo aprofundamento e rigor de um trabalho sociológico escrito por especialistas, aproveitamo-nos da qualidade de artistas para fazer aproximações entre as dificuldades que encontramos para realizar nosso projeto e as tensões do momento político atual do Rio São Francisco que, se poderiam soar descabidas de um ponto de vista teórico rigoroso, arriscamos dizer que são pertinentes.