Neste grande livro de poemas Álvaro Alves de Faria constrói e descontrói o nosso Desviver, com a dor profunda de quem perdeu a antiga doçura. É a afirmação mais significativa de sua trajetória poética. Um apelo sincero a sensibilidade. Sem dúvida, o limiar de um novo ciclo que se abre agora em sonoros significados, que nos remetem também a autorreflexão. Efeito consciente na construção dos versos, na busca da palavra certa, nos focos de sonoridade ampla, na relação vida e transformações identificadas ao longo do caminho. É como se o poeta estivesse de volta de um longo percurso e, pleno de símbolos, nos indicasse a sobreposição do que foi e do que poderia ser entendido. Sobre o autor: Da Geração 60 de Poetas de São Paulo, Álvaro Alves de Faria é um dos nomes mais significativos. É autor de mais de 50 livros, incluindo poesia, novelas, romances, ensaio literário, livros de entrevistas com escritores e peças de teatro. Mas é fundamentalmente poeta. Como jornalista cultural, pelo seu trabalho em favor do Livro, recebeu por duas vezes o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1976 e 1983, e por três vezes o Prêmio Especial da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1981, 1988 e 1989. Foi distinguido, ao longo dos anos, com os mais importantes prêmios literários do país. Sua peça de teatro Salve-se quem puder que o jardim está pegando fogo recebeu o Prêmio Anchieta para Teatro, um dos mais importante dos anos 70 no Brasil. A peça, no entanto, foi proibida de encenação 15 dias antes da estréia e permaneceu censurada até a abertura política, quase ao fim da ditadura. Foi o iniciador, nos anos 60, dos recitais públicos de poesia em São Paulo, quando lançou seu livro O Sermão do Viaduto, em pleno Viaduto do Chá, então o cartão-postal da cidade. Com microfone e quatro alto-falantes realizou nove recitais no local e foi detido cinco vezes como subversivo pelo DOPS Departamento de Ordem Pública e Social. Voltou a ser preso em 1969, por desenhar os cartazes do Partido Socialista Brasileiro. Há mais de 15 anos se dedica à poesia de Portugal, país onde tem 14 livros publicados - 13 de poesia e uma novela. Essa trajetória na terra de seus pais começou quando representou o Brasil no III Encontro Internacional de Poetas na Universidade de Coimbra, em 1998, a convite da ensaísta e professora Graça Capinha, tendo sido, então, o nome mais discutido no evento. Foi o poeta homenageado no X Encontro de Poetas Ibero-americanos, em 2007, em Salamanca, na Espanha, nesse ano dedicado ao Brasil, convidado pelo poeta peruano-espanhol Alfredo Perez Alencart, da Universidade de Salamanca. Teve publicada, no evento, uma antologia de poemas Habitación de Olvidos, com seleção e tradução de Alfredo Perez Alencart. Tem outros livros publicados na Espanha, traduzidos pela poeta espanhola Montserrat Villar González, com edição na mais importante Coleção de Poesia da Espanha, dirigida pelo poeta Antonio Colinas. Participa de mais de 70 antologias de poesia e contos no Brasil e em vários países. É traduzido para o espanhol, francês, italiano, inglês, japonês, servo-croata e húngaro.