Trata-se de um estudo sobre a obra do filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser, que enfatiza as relações entre sua filosofia e a teoria da literatura. Flusser nasceu em 1920, em Praga. Com a ascensão do nazismo, migrou para o Brasil, onde, durante 32 anos, dedicou-se ao estudo, ensino e difusão da filosofia, e atuou como colaborador nos principais jornais do país. Entre seus mais de 30 livros (a maioria em língua alemã), escreveu alguns títulos em português, destacando-se: Língua e realidade (1963), A história do Diabo (1965), Ficções filosóficas (1998), A dúvida (2000), entre outros. Em 1972, retornou à Europa, falecendo em 1991, num acidente automobilístico perto de Praga. Em A dúvida de Flusser, Gustavo Bernardo mostra que, embora a filosofia, ciência e pedagogia modernas se apoiassem na dúvida, elas buscavam uma resposta certa, que, paradoxalmente, acabava com a dúvida, levando ao positivismo, ao império do subjetivismo, à arrogância do academicismo, enfim a Auschwitz e a Hiroshima. O autor revela que Flusser não duvida da dúvida, mas a protege, exercitando o ceticismo para resguardar a fé no conhecimento e na arte, e o enigma que a literatura representa. Como afirma a epígrafe do livro: "A poesia aumenta o território do pensável, mas não diminui o território do impensável." A história do livro. A dúvida de Flusser surgiu inicialmente como uma tese do autor para concorrer à cadeira de Professor Titular de Teoria da Literatura na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Por seu caráter ousado, incisivo, original e irônico, a obra de Vilém Flusser se revelou preciosa para Gustavo Bernardo desenvolver seus pontos de vista sobre a dúvida, e permitiu-lhe aproximar a ficção da filosofia, seguindo a sugestão de Wittgenstein: "Convém fazer filosofia como poesia..."