A Filologia, ao longo da sua extensa história, é um modo de produzir presença. A fixação e edição de textos sempre teve como horizonte último o poder tocar - e ser tocado por - um autor ou um tempo pretéritos. A potestade da faculdade filológica reside nesta aspiração de um contato não mediado entre o autor e o leitor, o passado e o presente. Ao longo deste livro, uso o vocábulo “filologia” vinculando-o, sobretudo, a esta prática de fixação e edição de textos. Retiro dela um conjunto de figuras, um conjunto de tropos que utilizo para ler um corpus de romances “maiores” da literatura portuguesa. A implicação da tópica filológica tem, neste sentido, uma intenção crítica.Por outras palavras: narcosis construtiva. A Filologia é um Romance, um romance que sustenta o Romance, e é esta sageza que nos propõem as obras em análise, qualquer delas lugares capitais da ficção moderna da literatura portuguesa.