Todos nós, que trabalhamos pela transformação da assistência em saúde mental, lutando pela criação de redes de cuidado nessa área, encontraremos neste livro grande identificação em vários dos momentos vividos pelo autor em seu trabalho. Construir ações terapêuticas interdisciplinares, integradas com a Estratégia de Saúde da Família, atuando no território, de forma aberta e participativa, dentro desse novo processo de trabalho que é o matriciamento, não é fácil. É muito diferente das práticas em que fomos formados na realidade protegida das quatro paredes dos hospitais, na abordagem centrada na doença e não no doente, descontextualizada da vida das pessoas que necessitam do nosso cuidado. Trabalhar nessa nova lógica é angustiante e conflitivo. Transita-se todo tempo em práticas e campos desconhecidos. Quem faz o quê? Como? Onde? Com quem? Qual meu papel? Qual a minha identidade? De que forma devo abandonar identidades antigas para poder construir novas realidades? (...)