Muito nova eu tive a minha primeira grande lição de vida que fiz questão de manter viva até hoje em meu coração: Eu estava sentada na varanda do hotel de minha mãe. Era fim de tarde e como de costume eu sentava sozinha ali olhando o mar e ouvindo a música "Carried Away", e havia uma hóspede de cadeira de rodas sentada um pouco distante de mim e estava de olhos fechados. E quando a música acabou ela pediu: - Você pode repetir a música para eu dançar de novo? Olhei sem falar nada, mas ela leu meus pensamentos e falou muito doce: - Minha condição física não impede que eu dance, dança é sentimento ainda que nem um músculo se mexa, você pode dançar com o coração, com a alma, ainda que meu corpo esteja preso nesta cadeira de rodas, eu tenho sentimentos e este, nada nem ninguém me tira. Nada falei (ás vezes as palavras atrapalham), repeti a música puxei a minha cadeira para perto dela e fiz o mesmo fechei os olhos e deixei o meu coração dançar, ela ficou hospedada por três semanas e eu tive a honra de conviver e aprender tantas lições com aquela senhora. Lições para uma vida inteira. Principalmente respeitar cada ser humano como ele é. E na hora da partida ela falou: - Minha pequena, por mais que a vida seja dura, por mais que você dependa impressionar alguém nunca deixe de ser você, o Ser verdadeiro, ainda que corra o risco de muitos não gostarem de você, mas mostrando quem você realmente é, mantendo a sua autenticidade, o que for conquistado jamais será tomado, porque as pessoas conheceram a verdadeira Débora. Continue forte no seu caminho, ainda que seja só, seja sempre mais forte que você. Foi uma das poucas vezes que chorei, ver aquele motorista colocá-la no carro e se afastar foi como se eu estivesse perdendo um pedaço de mim (ou o melhor). Depois disso nunca mais soube dela, nem mesmo se ela continua viva. Dentro de mim, ela continua viva e seus ensinamentos eu passo para minhas filhas: "As condições de meu corpo não aprisionam minha ALMA porque EU sou mais forte que EU."