A história se origina em um convento situado em algum lugar da Europa Central. Narciso é um noviço de inteligência brilhante, racional e contido. Goldmund é um jovem aluno de intensa beleza física e profundas inquietações existenciais. Estes dois opostos são atraídos quase magneticamente e passam a representar os arquétipos de ApoIo e Dioniso, de Vishnu e Shiva no contexto do romance. O dilema que se estabelece entre as duas personalidades é marcante na obra do autor. Novamente nos deparamos com a divisão entre o arrebatamento religioso e o êxtase da criação artística, com a vida as cética e minimalista de Narciso em contraponto à vida boêmia e apaixonada de Goldmund. O que é sempre interessante na temática de Hesse é sua capacidade de integrar os opostos e fundi-l os numa síntese que tem muito da filosofia taoísta. E talvez esta seja a obra de Hesse em que a influência das idéias de Carl Gustav Jung esteja colocada de forma mais explícita. Os sonhos dos personagens fazem parte do fio condutor da história, as referências ao arquétipo da Mãe do Mundo também perpassam a narrativa e conceitos de inconsciente coletivo, individuação e outros termos cunhados por Jung são encontrados ao longo do texto.