Wesley Godoi Peres é um jovem poeta goiano que, segundo Manoel de Barros, "é um ser caído no mundo das imagens". Trata-se de um escritor que seleciona as palavras com o mesmo cuidado de alguém que elabora um origami. Quando questionado sobre como essa paixão pela literatura foi despertada, Wesley responde: "Sinceramente, não tenho a menor idéia. Quando me dei conta, escrevia. Escrevia e pronto. Depois isso se tornou uma obsessão. Não uma obsessão que remeta a alguma outra coisa, é uma obsessão como o amor de Mário de Andrade: intransitiva". Essa paixão pela literatura nos leva imediatamente às palavras de Rainer Maria Rilke em Cartas a um Jovem Poeta: "uma obra de arte é boa quanto nasceu por necessidade: é a natureza da sua origem que a julga". Os textos poéticos aqui reunidos evidenciam a obsessão intransitiva de Wesley. São textos sob uma tensão - entre o lirismo contido e a ambiência onírica - na qual o silencio da imagem poética é instrumento para a construção e a desconstrução de sentidos.