O livro Então tá, Jeeves traz aos leitores brasileiros o humor de P.G. Wodehouse, considerado o "gênio da comédia" pelo jornal londrino Times. Então tá, Jeeves, ficção de humor lançada pela Editora Globo, vem ocupar um espaço pouco usado nas prateleiras das livrarias brasileiras: o da literatura de humor. O Brasil tem grandes escritores, cronistas e humoristas, mas poucos se aventuram em escrever romances engraçados. O nicho começa a ser preenchido com traduções como esta. Embora o livro tenha sido escrito originalmente em 1934, o humor de P.G. Wodehouse continua fazendo rir. O protagonista Jeeves é uma espécie de mordomo, acompanhante e assessor para todos os assuntos de Bertie Wooster, um simpático, rico e mimado inglês, para quem Jeeves resolve desde problemas cotidianos até as mais complicadas situações. Em seus diálogos com o chefe, Jeeves inclui em todas as frases a palavra "patrão", porque embora seja mais sagaz, prefere manter a distância que permite a ele aconselhar, mas não ordenar. A dupla aparece em 11 romances e 33 coleções de contos, que formam a parte mais conhecida da obra de P.G. Wodehouse. A série com as aventuras de Jeeves e Wooster, que se iniciou com o livro The Man With Two Left Feet (1917), ganhou duas adaptações televisivas, uma pela BBC nos anos 60 e, mais tarde, Jeeves and Wooster, com Hugh Laurie e Stephen Fry, nos anos 90. Além de lançar Então tá, Jeeves, a Editora Globo prepara para publicação outros dois livros da série: em outubro, chega às livrarias Sem Dramas, Jeeves e, em seguida, virá Obrigado, Jeeves. Um dos livros mais populares de Wodehouse na Grã-Bretanha, em Então tá, Jeeves (Righ Ho, Jeeves), o mordomo acaba ampliando seu raio de ação, pois se espalha a fama sobre sua enorme capacidade em deslindar intrincadas situações. Consultado com status de especialista, Jeeves tem curiosas idéias de como o tímido Gussie Fink-Nottle, amigo de seu patrão, pode atingir seu objetivo de conquistar uma moça por quem está apaixonado. Entre outras coisas, ele sugere que o rapaz use calças justas de malha escarlate e uma barba postiça. As confusões envolvendo peças do vestiário, aliás, perpassam toda a história. "Em matéria de trajes para a noite, além de reacionário, Jeeves chega a ser tacanho", desabafa em certo momento seu chefe, que também é o narrador. Chamado pelo Times, de Londres, de "gênio da comédia", a maior qualidade de Wodehouse é fazer rir. Algumas piadas aproveitam antigas gírias, mas o humor nunca é rasteiro. A tradutora, Beth Vieira, procurou adaptar as gírias antigas do original em inglês, para dar a idéia exata que Wodehouse quis passar. Expressões como "homessa" e "espeto" (para designar dificuldade) são usados em profusão. O pai do autor era funcionário público e foi ocupar um lugar de juiz em Hong Kong, deixando os quatro filhos pequenos com tias. Talvez daí venha sua grande referência e terror a inoportunas tias, que aparecem ao longo de toda a série Jeeves. Não raro entram na trama também primos problemáticos, amigos atormentados e outros tipos complicados. Para conseguir manter a calma e encaminhar soluções, aparece Jeeves, sempre prudente e perspicaz.