O fim da vida traz um filme com as cenas reversas sobre o que vivemos, perpassadas pelo filtro da memória. A morte não seria a banalização da vida, mas sim sua metáfora, um corte, não só na carne, mas também no sistema pulsional humano. Pois leio ao reverso os poemas de Patricia Porto, nos quais ela põe seu ponto final em frases-versos de forma tão cortante quanto concisa. É como se ela trabalhasse o poema do fim para o começo e recursivamente. Usando palavras-chave para estabelecer mecanismos próprios de sua dinâmica estética, Patricia não só fecha muito bem seus poemas como cria uma certa imagem mais alusiva para a palavra-desfecho. Como lançar um projétil no alvo da palavra final? Ela consegue. E fecha e deixa em aberto para a recepção.