Se te perguntarem de onde veio quanto sangue e terra escoam de sua história? A poesia que carrega os cabelos negros da avó escorridos em rosto caboclo, a poesia brasileira, sua poesia. em pele de folha, rio me criou é um chamado para trás, um exercício de encorpamento, são páginas que fecundam uma memória canalizada à margem do leito e revelam os mortos. Estão todos aqui, apontando as flechas pacientemente à espreita enquanto nossa dormência segue ferindo. Não queria ser tão pessoal, mas lembro quando me leu os primeiros poemas deste livro o karaokê na Liberdade, eu, você, Marcelo e o arrebatamento, não havia mais nada além de ar e silêncio, a imagem guarani na sua garganta, ninho de palavras-alma, elas desabrocharam, eu vi. E, para além da contemplação, há a iminência do incêndio, uma convocação do que já não sabemos ser, ser fruto de mato órfão, de uma mãe não pátria, cicatriz do território germinada Rosa. Laís Efstathiadis poeta, dramaturga e atriz