A vitoria do amor. Deus é amor (I João 4:8) Diz-se que um fósforo aceso, à noite, num campo deserto, não ilumina nada, mas serve para mostrar o tamanho da escuridão. Assim, a literatura de Martinho José Tavares, analogicamente, pode não representar o brilho fulgurante de um sol de arte, mas revela algumas das grandes contradições do espírito humano, em narrativas confessadamente românticas. Desta feita, oferece-nos o escritor Nilopolitano uma novela quase romance em que dois seres, perdidos cada um a seu modo, encontram-se, no amor, para a redenção de ambos, sendo que, aí, a expressão “no amor” poderia serperfeitamente substituída por Em Deus, eis que essa é a lição do evangelista a servir de mote para o desencadeamento da bela história. Há, pois, dois níveis de realização do texto em comento: no externo, Pedro é redimido pela religião (Deus) de Rosa; no interno, o amante é resgatado pelo amor da amada. Nesse caso, poder-se-ia afirmar que o enredo, retendendo provar que é a religião que salva e vence, acaba por ser uma belíssima proclamação de que o verdadeiro vencedor e salvador é o amor. Aliás, nestes tempos conturbados, parece haver uma tendência de as multidões buscarem cegamente submeter-se aos aspectos institucionalizantes das religiões (quantas denominações, meu Deus), ao invés de abraçarem com fervor aquilo que deveria ser a fonte de tais institucionalizações. O amor, na sua expressão inequivocamente divina. Enfim, o que importa mesmo é constatar que o narrador de A doce rebelde oferece ao leitor uma rara oportunidade de redenção emocional, ao nível da consciência, com a leitura desse verdadeiro conto de fadas moderno, que poderia começar deste modo: Era uma vez Pedro e Rosa... Quem, então, poderia deixar de ser feliz no final dessa história? Eder Rodrigues. O Prof. Eder é Crítico Literário e Prof. Língua Portuguesa