Segredos. Pecados. Sedução. Quem não se interessa? Felipe Daiello sabe que sexualidade e mistério, ainda mais quando combinados, atraem olhares e atiçam os demais sentidos. Só que ele não se contenta e vai além: aposta na curiosidade feminina e já na capa expõe suas intenções: Os segredos da fechadura, que tem como subtítulo Pecados mortais da sedução, é declaradamente um livro de contos eróticos para mulheres. Corajoso, o Daiello. Afinal, até Freud constatou o quanto é difícil compreender o que nós queremos. Pois temos aqui um engenheiro, professor e empresário que, em seu nono livro (em apenas oito anos!), lança-se sem pudores na aventura de decifrar esse enigma. De aventuras, por sinal, ele não foge. Felipe Daiello é também pesquisador, atividade para lá de beneficiada pela vocação de viajante. E como viaja, o Daiello. Não só viaja nos livros, viaja por eles. As minhas ilhas, de 2006, é resultado dessas andanças, reunindo crônicas sobre os diversos lugares do mundo que ele visitou. Até chegar a estes Pecados mortais, também foram muitos quilômetros rodados, espiando por variadas fechaduras da Índia e da China. Fechaduras orientais, lá onde a palavra exótico dança para o olhar, chama ao toque por seus cheiros, sons e sabores. Mais do que vivenciar in loco a experiência sensorial, ele conversou com especialistas, leu, buscou também o amparo da razão. O resultado, Felipe Daiello nos apresenta nestes 43 contos, onde oferece às leitoras - e, por que não, também aos leitores curiosos - uma jornada por enigmas difíceis de decifrar, que intrigam na mesma proporção de sua complexidade. O escritor, que estreou na literatura em 2006 com Minhas marias - perfis de mulheres -, encara mais uma vez o desafio de escrever sobre e para o sexo oposto. Notem o possessivo que está tanto no livro de estreia quanto no segundo, de viagens - índice da busca de intimidade do autor com os temas. Desvenda os segredos? Decifra os enigmas? Afinal, o que pensam os homens - ou o que pensa Daiello - sobre o que as mulheres querem? Isso quem vai descobrir é você, ao longo desses contos. Talvez as perguntas sigam sem resposta. Talvez você responda: em literatura, precisamos delas?