OS filhos do barro são os seres criados por Deus - metáfora da imortalidade, pois a vida nos foi dada por um gesto onipotente. Mas os filhos do barro são também criaturas feitas de nada além de puro barro, matéria que volta ao lugar de onde veio - metáfora da mortalidade. A ideia miraculosa da imortalidade é apenas uma das faces da poesia: a analogia. Sua outra face, a visão crítica da modernidade e a consciência de sermos apenas mortais, é a ironia. Em Os filhos do barro, numa análise precisa sobre o significado e as transformações da poesia no século XX, Octavio Paz mostra que também na linguagem do ensino é possível reunir analogia e ironia: um lugar em que o teórico pode ser igualmente poético.