O tino para os negócios nunca foi o forte de Balzac. Mesmo já sendo um escritor consagrado, admirado pela opinião pública, continuava escrevendo furiosamente para pagar suas dívidas, resultado de uma sucessão de empreendimentos comerciais mal-sucedidos. É das suas vivências que buscou inspiração para criar um dos mais geniais e realistas retratos sobre a escalada social de um homem e sua posterior derrocada. A vítima é César Birotteau, um perfumista bem-sucedido que almejava prestígio e reconhecimento perante a alta sociedade. A primeira versão de Ascensão e queda de César Birotteau foi escrita em 1837, em menos de um mês, a pedido de dois jornais que entregariam o livro de brinde a seus assinantes. Este "poema das vicissitudes burguesas", como Balzac o definiu, é mais um capítulo grandioso de A comédia humana. Erigido à semelhança da sociedade francesa do século XIX, revela, porém, que a ambição desmedida e a cobiça por dinheiro fácil são inerentes ao homem em todas as épocas.