A experiência da escravidão marcou de forma indelével as sociedades modernas, ao passo mesmo em que a industrialização e o estabelecimento do capitalismo que lhe sucederam trouxeram, em seu rastro, um conjunto de condições de trabalho opressoras aos trabalhadores. Ao colocar em registros paralelos experiências de classe e de raça numa realidade compósita de instâncias que se articulam, esse trabalho carrega o mérito de ampliar e qualificar a compreensão que de suas análises resulta, assumindo as premissas de que essas são variáveis da opressão e da exploração, e de que o movimento sindical foi e é uma frente de luta política no combate à desigualdade racial e ao racismo no Brasil. O reconhecimento e o enfrentamento da interseccionalidade de classe e de raça como marcadores sociais da diferença e da desigualdade, como instâncias de dominação não dissociadas é um domínio aqui confrontado, ao colocar em evidência as relações entre tipos e condições de trabalho, qualificação e remuneração, por um lado, e racismo, preconceito e discriminação, por outro. O trabalho de Jair Batista da Silva integra um conjunto de estudos no âmbito das Ciências Sociais que se desenvolveram no Brasil, sobretudo a partir do final dos anos 90, que procuraram realizar articulações entre classe e raça, classe e gênero e classe, gênero e raça, evidenciando a amplitude do conceito de classe e, também, que essas articulações potencializam, significativamente, o entendimento de importantes aspectos sociais e políticos da realidade brasileira. Glaydson José da Silva Universidade Federal de São Paulo