Esse volume leva o leitor a percorrer uma fascinante viagem que coloca constantemente em questão a ideia de fronteiras. Aqui, as fronteiras não deixam de ser apreciadas enquanto realidade material, que erguem barreiras e que são vasos comunicantes em relação a diferenças de nacionalidades, linguagens e cultura. Mas o argumento volta insistentemente para a presença de instituições nacionais e internacionais na definição, consolidação e gestão desses limites. Há uma análise histórica dos documentos de identidade, passaportes e outros papéis cunhados para marcar a individualidade, direitos e deveres de determinados sujeitos. Suas descrições dão vida à experiência de “estrangeiros” – imigrantes, refugiados e, por que não dizer, os migrantes clandestinos –, que se mostram exímios analistas das situações que enfrentam. Vidas em fluxo de pessoas tentando reconfigurar fronteiras em face aos instrumentos administrativos de governo, em geral, pouco amigáveis. A análise de Denise Jardim nos leva ao coração do dilema desse conturbado fenômeno contemporâneo de migração transnacional.