Em essência, o trabalho da Ética é permitir ao leitor compreender a ordem e a conexão das coisas da natureza e ordenar e concatenar tudo quanto pensa de tal forma que, ciente das coisas como são e de si mesmo como é, possa diferenciar-se e singularizar-se, tornando-se cada vez mais apto a uma pluralidade de encontros que aumentem sua potência de existir. Tem razão, portanto, a psiquiatra brasileira Nise da Silveira que em uma das cartas extemporâneas que redigiu a Espinosa enfatizou como, em favor dos seres humanos, o filósofo se empenhou “através de toda Ética para ajudá-los a se diferenciarem de maneira especial, reformando o entendimento, trabalhando ideias confusas, a fim de torná-las claras”, de modo a indicar “o caminho para libertarem-se da escravidão das paixões e mesmo atingirem a beatitude”. [...] (da apresentação de Fernando Bonadia de Oliveira)