A partir de uma vasta pesquisa em acervos dos Estados Unidos e do Brasil, a historiadora Luciana da Cruz Brito apresenta neste livro uma interpretação surpreendente sobre o papel da sociedade brasileira nos debates raciais e políticos nos Estados Unidos do século XIX. De um lado, viajantes e cientistas tomavam o Brasil como um laboratório de raças e uma experiência que deveria a todo custo ser evitada, destacando os males da mistura racial e alimentando as perspectivas racistas de então; por outro, abolicionistas estadunidenses, como Frederick Douglass, tinham na sociedade brasileira miscigenada, em que libertos podiam acessar direitos, a despeito de toda a violência do ambiente escravista, um modelo idealizado a ser seguido. De uma maneira ou de outra, o que a autora revela é como o Brasil serviu de espelho muitas vezes invertido para os Estados Unidos na formação de ideias raciais e da própria nação.