A metáfora dos líquidos tem sido utilizada com freqüência como atributo das sociedades, da vida, dos corpos e do amor contemporâneos. Neste livro, Lucia Santaella coloca as linguagens no primeiro plano de cena, para evidenciar que, no universo digital, texto, imagem e som não são mais o que costumavam ser. Deslizam uns para os outros, sobrepõe-se, complementam-se, confraternizam-se, unem-se e separam-se, entrecruzam-se. Tornaram-se leves, perambulantes. Perderam a estabilidade que a força de gravidade dos suportes fixos lhe emprestava. Viraram aparições, presenças fugidias que emergem e desaparecem ao toque delicado da ponta de nossos dedos em minúsculas teclas. Voam pelos ares a velocidades que competem com a da luz. São tão voláteis que um dos grandes problemas atuais encontra-se nas novas estratégias de documentação que devem ser encontradas quando os meios de estocagem tornam-se obsoletos em intervalos de tempo cada vez mais curtos. [...]