Em nossa contemporaneidade, o processo de acumulação e de expansão do capital recrudesce formas perversas de extração de mais valia absoluta e relativa atestadas pelo aumento da jornada de trabalho não remunerada, do rebaixamento salarial, da eliminação de direitos sociais elementares, com destaque para os impactos perversos sobre a condição de trabalho e salário dos professores da educação básica. No terreno político/econômico, reordena-se a capacidade de intervenção do Estado e faz emergir uma nova hegemonia do capital fundada na tríade do mundo das finanças, petróleo e indústria armamentista. Estes, sobrepondo-se de forma contundente aos Estados nacionais, fundam um novo imperialismo calcado na acumulação por espoliação. É, pois, no bojo do recrudescimento da ofensiva do capital na sua fase de crise estrutural que se inserem as reformas da educação básica no Brasil. A reforma do Ensino Médio, mais especificamente, relaciona-se ao processo de reestruturação do mundo do trabalho e a emergência do novo corolário flexível que necessita utilizar o estoque da força de trabalho disponível nas escolas públicas, rebaixar o salário médio dos trabalhadores e incrementar taxas de lucro. Em consonância com esse processo social, temos que o novo Ensino Médio, ao recuperar concepções educacionais focadas prioritariamente na profissionalização para o mundo do trabalho precário, confere à educação caráter eminentemente regressivo, uma volta ao passado. A desconstrução do carácter formativo da educação pública e a prevalência do Ensino Médio focado na qualificação, como tendência, lançará um contingente expressivo de jovens na nova barbárie social sob os mais diferentes aspectos e dimensões da sua vida de trabalho e pessoal. É por isso que as reflexões desenvolvidas no livro devem ser apreendidas como um esforço teórico em defesa da escola pública na era da infâmia do Capital.