Um Metrô chamado Marta é um livro de viagem, de iniciação e de descoberta. Uma garota, estudante de jornalismo, descobre a América (os Estados Unidos), a mítica CNN e a sensualidade rouca dos blues e das noites de Atlanta. A experiência converte-se cm um texto sensível e elegante. viagem apresentá-se como um jogo da amarelinha: a cada casa, um patamar de emoções, de vivências e de novos encantos. Uma narrativa vale pelo deslumbramento que provoca. Fora disso, parte-se em busca de outros prazeres. Daniela Dariano não deixa ninguém na estação. Prende o leitor com suas frases esguias do primeiro ao último ponto. Ao longo do percurso, tudo é passageiro, num tour, guiado com ironia, malícia e muita informação, pelos subterrâneos da cultura norte-americana. Nasce-se com as curvas da escrita na alma. O resto é construção e esmero. Nos trilhos do seu trem, a autora desenha um cenário, um mundo, um universo de expressões e de cheiros. Sente-se a contorção dos corpos nas danças frenéticas, o apetite dos jovens no outro lado das telas dos computadores, a força dos sonhos dos que acreditam no brilho dos raios catódicos e o suor descendo pelo ventre dos famintos de madrugada. Veloz e plástico, o segundo volume da coleção As Endiabradas chega para seduzir a rede da comunicação. Diário de um estágio na CNN, mostra algo das entranhas do jornalismo digital no país da informação. Fundamental para qualquer jovem que pretenda se aventurar pelos túneis da nova mídia dos Estados Unidos, Um Metrô chamado Marta consegue ir ainda mais longe: ter o sabor de uma novela. Depois do último vagão, o leitor permanece na plataforma, à espera da imagem final, da próxima história, do último gemido de um blues numa estação quase deserta. Um livro para ser lido e ouvido. Um texto com cheiro de goiaba madura.