Quando pensamos em poesia num direcionamento bastante simplista e clichê de nossas mentes imaginamos algo sublime, belo, quase divinal. Mas não é disso que se trata a poesia e as artes em geral. A poesia se torna reflexo daquele momento histórico, daquele local, daquela situação em que ela está inserida. E nem sempre, ou melhor, quase nunca, se trata de sublimidade. É nesse local da aspereza que a poesia de Bruno Gavranic habita. Seu trabalho é ruidoso, sujo, repleto de fumaça e poluição. Inserido no caos urbano da metrópole neste caso, de São Paulo os versos pulsam na mesma batida do trânsito, da violência, da inquietação das grandes cidades. Mas isso não faz dessa obra menos poesia. Certa vez, o músico Kiko Dinucci, em entrevista sobre a música paulistana, criou uma imagem que muito revela (também) a respeito do trabalho de Bruno. Disse Kiko: Essa paulistanice, encaro como um pombo, está na cidade, está sujo, vive de um jeito precário, mas sobrevive. [...]