Rio Doce é visto como 'uma categoria central para a história de Minas Gerais, pois, muito mais do que apenas um rio, ele é território, paisagem, lugar, representação'. Por ele penetraram aventureiros em busca de ouro, caçadores de índios, escravos fugidos, criminosos, contrabandistas. Ele atraiu a atenção de naturalistas estrangeiros e foi alvo de diversas missões oficiais, constituindo-se num espaço de referências simbólicas que, antes de ser real, foi lugar imaginário de riquezas. 'Sertão do Rio Doce' aborda a guerra de conquista empreendida pela Coroa Portuguesa e, depois, pelo Império do Brasil, buscando transformar o Rio Doce num canal de ligação com um porto marítimo e, assim, integrar a economia de Minas Gerais ao mercado mundial. Destacando o fato de as investidas na região terem sido motivadas pelo interesse econômico, Haruf Salmem Espindola analisa nesta obra as ações de natureza política e social - tais como ocupar o território, contatar e atrair os povos nativos e promover o povoamento ' necessárias para a realização do objetivo econômico do governo.