Dentro da coleção Contraluz, dedicada à sexualidade, a Editora Record lança a nova versão de uma obra fundamental para o estudo da homossexualidade no Brasil. Publicado originalmente em 1986 (a pedido da editora londrina Gay Men's Press) e esgotado há quase uma década, DEVASSOS NO PARAÍSO dobrou de tamanho, para abranger as grandes mudanças ocorridas no Brasil nesse período, fruto, principalmente da disseminação da Aids, ainda incipiente quando o estudo original foi escrito João Silvério Trevisan investiga a atuação no Brasil, a partir de 1591, do Santo Ofício, preocupada em punir os sodomitas, aborda a formação dos conceitos de pecado e desvio de conduta em relação à homossexualidade e, partindo disso, analisa os esforços de políticos, autoridades policiais, juizes, higienistas e psiquiatras para entender e tentar conter a pederastia nos séculos XIX e XX. E chega até o final deste século, discutindo direitos civis, inserção social de minorias, Aids e intolerância. Trevisan, porém, não se limita a um estudo histórico documental. Ele se vale de instrumentos da antropologia e da psicanálise, disseca a religião, analisa o homoerotismo nas artes e na mídia e revela o cotidiano homossexual, através de diversos depoimentos. João Silvério Trevisan, paulista de Ribeirão Bonito, 56 anos, é escritor, diretor e roteirista de cinema, tradutor e jornalista. Entre outras obras, escreveu Seis balas em um buraco só (ensaios), Ana em Veneza (romance) Troços e destroços (contos), publicados pela Editora Record. Para teatro escreveu a peça Heliogábalo & Eu. No cinema, Trevisan realizou e dirigiu o curta-metragem Contestação (1969) e o longa Orgia ou o homem que deu cria, além de vários roteiros para outros diretores.