Uma das principais vozes da poesia brasileira atual, Armando Freitas Filho reúne em Lar, poemas autobiográficos, de formação e de maturidade, que evidenciam a consciência do tempo e a finitude da vida."Lar,", não é um livro de memórias, mas pode ser um livro sobre a memória. A continuidade, por isso mesmo, não é linear. O autor sentiu esses sobressaltos e não procurou corrigi-los, pois como bem anota Vagner Camilo na sua apresentação, "a autobiografia poética não se restringe [...] nem parece obedecer a uma cronologia estrita. E aqui temos que considerar o próprio desajuste do gênero lírico para lidar com a pretensa tarefa autobiográfica de recompor a gênese do indivíduo, mais adequada ao fio contínuo da prosa". O Lar do título com a vírgula sem o seu aposto - uma vírgula em suspenso, ou em suspense -, dá, logo de entrada, visualmente, uma dica do que se vai encontrar de semelhante nos poemas - que evidenciam a consciência do tempo e a finitude da vida -, no fluxo interno e externo deles.