A noção de presentificação no poema não exclui a de representação. Todavia, esta visão excludente pertence a muitos dos defensores da nova crítica literária (ou a seus detratores) que desta forma a compreendem de um ângulo bastante empobrecedor. João Alexandre Barbosa, em um exame de diferentes processos literários, teóricos e práticos, desfaz definitivamente, apoiado na noção de metáfora, esse mal-entendido. Para o autor, a metáfora não deve ser vista como simples integrante de um repertório de figuras vazias e sim incorporada ao esforço humano de constituição do real. No poema, porém, esta constituição se realiza como oposição, ou seja, coloca em xeque a validade do próprio mundo como representação. Assim a penetração correta na natureza da metáfora orienta a totalidade do procedimento crítico para o vórtice da especificidade poética, simultaneamente aberta e fechada ao mundo, transitiva e intransitiva. Uma superação das últimas posições em crítica literária. Mallarmé pela óptica de Valéry, o Modernismo de 22, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, João Cabral, são os temas escolhidos pelo autor, o dado literário concreto onde se imprime a marca de um pensamento crítico novo.