Esta edição de O dom de si procura tornar acessível aos cristãos leigos a obra clássica do redentorista Joseph Schrijvers, mediante uma nova tradução que atualiza alguns modos de dizer próprios da época e do espírito com que foi escrito o livro, e umas notas explicativas que complementam o texto com os recentes ensinamentos do Concílio Vaticano II e do Papa João Paulo II. Toda a obra está centrada no tema sempre atual do abandono nas mãos de Deus, única fonte possível da paz interior autêntica, dessa serenidade tão necessária ao homem dos nossos dias e de sempre, dessa alegria que é por assim dizer a marca registrada do verdadeiro cristão. Com efeito, é somente o dom de si, pelo qual o homem renuncia a ser dono último e absoluto das suas ações para confiar a Deus a orientação de toda a sua vida, que constitui uma resposta válida da criatura ao seu Criador, do filho de Deus ao seu Pai. Deus se doou inteiramente a nós por meio de Cristo e, portanto, diz-nos o autor, nada mais justo, conveniente e necessário do que nos doarmos inteiramente a Ele. Longe de conduzir a uma espécie de transferência de responsabilidades ou de servir como desculpa para passividades e desleixos interiores, a confiança plena e total na Providência divina a que o dom de si dá lugar permite encontrar em todas as circunstâncias, mesmo nas mais duras, a Vontade amabilíssima de Deus. Nesta perspectiva, a oração e as práticas de piedade, o trabalho, as contrariedades e a doença, o relacionamento social e o apostolado deixam de ser como que peças desencaixadas de um quebra-cabeças sem sentido, para se tornarem facetas diferentes dessa única atitude necessária: a nossa correspondência amorosa ao amor com que o Pai nos amou.