“Defensores e críticos, políticos e cientistas, professores e alunos são, no momento, unânimes em relação ao livro didático: ele deixa muito a desejar, mas é indispensável em sala de aula.Se com o livro didático e ensino no Brasil é sofrível, sem ele será incontestavelmente pior. Poderíamos ir mais longe , afirmando que sem ele o ensino brasileiro desmoronaria. Tudo se calca no livro didático. Ele estabelece o roteiro de trabalhos para o ano letivo, dosa as atividades de cada professor no dia-a-dia da sala de aula ocupaos alunos por horas a fio em classe e em casa (fazendo seus deveres).Esse triunfo do livro didático nos últimos 20 anos vem se revelando como uma vitória de Pirro para a educação no Brasil. Professores e alunos tornam-se seus escravos, perdendo a autonomia e o senso crítico que o próprio processo de ensino-aprendizagem deveria criar.(...)O estudo do livro didático a partir de várias óticas - a história, a política, a econômica, a lingüística, a psicopedagógica e a ideológica, incluindo a ótica dos usuários do livro (o professor e o aluno) - deixou claro que a problemática do livro didático se insere em um contexto mais amplo, que perpassa o sistema educacional e envolve estruturas globais da sociedade brasileira: o Estado, o mercado e a indústria cultural.