Este livro visa à preservação do patrimônio lúdico e do caráter popular das tradições da pequena comunidade de Tarituba, em Paraty (Estado do Rio de Janeiro). Com notas explicativas e referências históricas, geográficas, arquitetônicas e gastronômicas, convida o leitor a um passeio na terra da ciranda, onde uma brisa permanente acaricia a vegetação e forma marolas preguiçosas. A ciranda é um folguedo popular de roda, em que não há preconceitos de sexo, cor, idade, condição social ou econômica. Começa com um pequeno círculo, que aumenta à medida que chegam mais pessoas. Seu movimento lembra o vaivém das ondas do mar e o ato de peneirar (acredita-se que o vocábulo ciranda derive da palavra persa sarand, que significa peneira). Como toda dança, tem seu ritual próprio, seus mestres e contramestres que aos sons de violas e tambores festejam e celebram a vida, como sempre ocorreu na história da humanidade. Dança-se nas festas religiosas, nas boas pescas e colheitas, nas noites de lua cheia. É impossível falar de ciranda e de Tarituba sem falar de Mestre Chiquinho (1906-1992). Carismático, inventivo, festeiro e generoso, foi de tudo um muito: cirandeiro, pescador, lavrador, violeiro, poeta, construtor, chapeleiro, organizador de bailes e quermesses, artesão. Foi, principalmente, um líder muito amado de sua amada Tarituba. Este livro é também uma homenagem a ele, que neste momento descansa feliz em sua canoa Já pensei.