O músico Nei Lisboa deu lugar ao cronista Nei Lisboa nesta seleção de textos publicados durante oito anos na imprensa do Rio Grande do Sul. O título curioso da coletânea dá nome ao primeiro texto do livro, no qual o autor aborda - com muita ironia e um aguçado olhar crítico, características que permeiam suas crônicas em geral , o interesse brasileiro na compra do porta-aviões Foch. O artefato, explica ele, se não fosse adquirido pelo governo, se tornaria um museu. E conclui: -o marketing de lançamento já está pronto, é só botar na frente da câmera um desses insistentes miseráveis sem teto, sem emprego, sem dentes ,que passam a vida a ver navios - e perguntar pra ele se viver no Brasil é ouro, prata ou bronze. Pode crer que ele responde: é foch. A variedade de assuntos abordados nas crônicas mostra um escritor versátil. No âmbito da cultura, Nei Lisboa escreve sobre cinema e a indústria de Hollywood; discorre sobre literatura e os rumos da Feira do Livro de Porto Alegre e examina o sucesso televisivo de programas como Big Brother e Supernnany. Quando aborda a política ,tanto nacional quanto internacional , analisa os desdobramentos do 11 de setembro, o Fórum Social Mundial de Porto Alegre, os conflitos no Oriente Médio e os quarenta anos do golpe militar no Brasil. O Nei Lisboa pai também se revela nas crônicas, nas quais é possível acompanhar as descobertas e o deslumbramento dessa nova condição. E certamente muitos fumantes irão se reconhecer nos textos nos quais compartilha sua decisão de abandonar o vício. Todos esses assuntos são como escreve a radialista Katia Suman na orelha do livro, pequenas e grandes sacadas acomodadas em texto elegante e conciso. Pérolas provocativas encharcadas de humanidade.