Após a chegada da religião cristã ao Brasil, atrelada ao poder político-religioso de Portugal, o cristianismo continuou avançando por todo o território brasileiro, difundido pelos padres do catolicismo, como também pelos imigrantes europeus e missionários estadunidenses, que desembarcaram com o objetivo de converter os católicos ao protestantismo. Antes da mudança de regime político, ocorrida no final do século XIX, os protestantes limitavam as suas práticas religiosas prioritariamente às colônias que haviam constituído. Com a Proclamação da República e, sobretudo, com o que ela propiciou (liberdade de expressão religiosa e garantias de culto), os intelectuais e escritores católicos e protestantes passaram a se confrontar mais aberta e intensamente, produzindo textos, artigos e livros sobre como as igrejas e denominações cristãs pensavam e praticavam as suas crenças. Defendê-las, portanto, foi fundamental. Num período quando os setores sociais se adaptavam às condições políticas implantadas no país, católicos e protestantes buscavam debater projetos distintos de cristianização dos brasileiros, num esforço de (re) organização e expansão de suas atividades religiosas. O presente livro trata dos intelectuais religiosos das confissões católica e protestante, representantes dos Cristãos em Confronto, que desenvolveram discórdias religiosas, em maior ou menor intensidade, até a década de 1960. Trata-se de um momento no qual, a partir de referenciais religiosos, os intelectuais do cristianismo brasileiro discutiram projetos alternativos ao desenvolvimento da sociedade.