A tradução do livro clássico de Sapir reaparece no Brasil num momento dos mais propícios. Com efeito, agora, o pêndulo da linguística norte-americana se afasta do mecanicismo de Bloomfield e vai no sentido do seu amigo e contemporâneo, que dele teoricamente divergia nos pensamentos básicos e foi por isso marginalizado injustamente, pouco depois de sua morte, até os fins da década de 1960. A partir daí, em verdade, as Estruturas Sintáticas de Noam Chomsky e o ataque fulminante do jovem linguista à psicologia behaviorista, representada na obra de Skinner, começaram a se fazer sentir, valorizando indiretamente a figura e os trabalhos de Sapir. Bloomfield é que passou a ser, por sua vez, injustamente marginalizado, de acordo com o mau vezo norte-americano de polarizar as posições científicas. A esta edição me pareceu, por isso, interessante anexar um meu trabalho de 1963, que trata da história crítica da linguística dos Estados Unidos, vista pelos olhos de um observador estrangeiro, e coloca Sapir em perspectiva histórica ao lado de Boas e Bloomfield. Desta sorte, procurei (não digo que o consegui) satisfazer o desiderato expresso na parte final do meu Prefácio à 1ª edição desta tradução.