A escrita poética de Dickinson, ambígua, irônica, fragmentada e aberta a várias possibilidades de interpretação, antecipa, sob muitos aspectos, os movimentos modernistas que se sucederiam depois de sua morte. Essa instigante poesia, nascida na solidão e no anonimato, mas impregnada dos mais profundos valores humanos, dá hoje a Emily Dickinson um merecido e imorredouro lugar na literatura universal. O chamado Livro de horas constituía um gênero medieval, que continha orações e salmos para as diversas horas do dia. Em geral, vinha ornamentado por iluminuras, esses contornos de flores e volutas que, como bordados, circundavam os manuscritos. Angela-Lago não perdeu isso de vista ao selecionar e traduzir os poemas que compõem este livro: escolheu aqueles que nos tocam com simplicidade, evocando o canto e o reencantamento do mundo.