Esta é uma das duas obras geniais - a outra é Espelho da tauromaquia - que Michel Leiris (1901-1990) produziu em torno de 1930. Na época, ele deu uma reviravolta em sua vida e rompeu com os surrealistas, coeditou a revista Documentos e viajou pela África, como arquivista da missão etnográfica Dacar-Djibuti. O título abre uma série de textos autobiográficos de Leiris. Trata-se de obra iniciática e ritual de passagem, na qual o escritor e antropólogo funda uma "etnologia do eu". Esta pode ser lida como uma fotomontagem que dispensa o rigor cronológico para obedecer a configurações alegóricas em torno das imagens emblemáticas das figuras histórico-míticas de Lucrécia, Judite e Salomé.