Em outubro de 1846, Proudhon publicou o que considerava ser a sua obra mais importante: Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria. Em junho de 1847, Marx ofereceu ao leitor francês sua primeira obra em que se qualificava como "economista". Não se trata apenas da crítica às concepções teóricas e às propostas políticas de Proudhon. Esta obra fornece "uma visão de conjunto das origens, do desenvolvimento, das contradições e da queda futura do regime capitalista" (Ernest Mendel). Este confronto teórico e político constitui um significativo capítulo da história das ideias socialistas e suas implicações têm consequências até os dias atuais. A edição traz um novo prefácio de José Paulo Netto, que também assina a tradução revista da obra, além de texto de orelha do professor João Antonio de Paula, da UFMG.Miséria da filosofia, primeiro livro que Marx publicou sozinho e o único que redigiu em francês, foi escrito entre janeiro e abril de 1847, em Bruxelas, e saiu em edição custeada pelo autor, com tiragem de oitocentos exemplares, em princípios de julho. A obra de Proudhon que é objeto da crítica de Marx, Système des contradictions économiques ou Philosophie de la misère [Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da miséria], fora publicada em Paris em outubro do ano anterior e, semanas depois, um exemplar chegou-lhe às mãos, enviado por Engels. Desde seu lançamento, Miséria da filosofia tem provocado incômodo por seu implacável tom polêmico, pelo ferino estilo que não poupa diatribes contra um autor que não só era respeitado intelectualmente (por justas razões) como tinha grande influência entre os socialistas franceses. A crítica marxiana, à qual Proudhon nunca respondeu publicamente (embora tenha feito registros amargos e indignados em seus diários e em sua correspondência), pôs fim a uma relação iniciada em Paris em 1844, quando Marx foi recebido por Proudhon em seu apartamento. Os encontros se repetiram até 1845, quando o governo francês obrigou Marx a abandonar o país. Publicada a Miséria da filosofia, os dois jamais voltaram a se falar. A edição traz um novo prefácio de José Paulo Netto, que também assina a tradução revista da obra e texto de orelha do professor João Antonio de Paula, da UFMG.