Novo livro do autor paulistano, escrito em parceria com Furio Lonza e ilustrações de André Berger, mexe com o imaginário de garotos expostos a uma realidade muito diferente dos contos de fadas. Teco, o garoto que não fazia aniversário (Editora Barcarolla, 82 pags., R$ 34,00) não é um livro infantil. Tampouco adulto. É uma história protagonizada por crianças e pré-adolescentes que fogem das regras e se enveredam pelo submundo da cidade de São Paulo. Um conto distante das fadas, com a marca da irreverência de Marcelo Mirisola, escrito em parceria com o jornalista Furio Lonza, e ilustrado com os traços em crayon de André Burger. Um enredo polêmico, provocador.Como diz o título, Teco definitivamente não gosta de aniversários e só a simples ideia de ter de participar de comemorações do tipo o arrepia. E tudo piora quando a festa em questão é a sua, os seus nove anos. Seus pais querem festejar a data em um buffet com todos os aparatos que, imaginam, uma criança dessa idade gostaria: balões, docinhos, diversão e até show da Xuxa. Tudo que Teco abomina.Dias antes da festa, Teco conhece um personagem que vai mudar a sua vida: o palhaço Cachacinha. Meio triste, meio atrapalhado, meio bandido, meio bobo, Cachacinha é a porta de entrada do mundo infantil para a juventude, acelerada pela turma de rua que vagueia entre a Estação da Luz e a Cracolândia, na área central da capital paulista.Começam aí as aventuras - ou melhor, desventuras - do personagem que, nos três anos seguintes, passará por poucas e boas: liberdade, vida nas ruas, drogas, aconselhamento e tratamento de gente bem intencionada da Vila Madalena.Na trama, que mistura a narrativa infanto-juvenil e realidade adulta, a dupla Mirisola-Lonza descortina um mundo que se não é desconhecido, está longe da elite, alvo preferencial da obra de Mirisola, considerado um dos escritores mais representativos da geração da década de 1990. As belas e fortes ilustrações em crayon P&B, também nada infantis, falam por si e, ao mesmo tempo, complementam a história com os reconhecidos traços de Berger.